Ursula von der Leyen vai apresentar medidas aos líderes europeus na próxima semana. ECDC estima que variante inglesa se torne dominante na UE.
Rita Siza , Bruxelas17 de Fevereiro de 2021
A Comissão Europeia vai financiar com 150 milhões de euros a investigação científica ligada à pesquisa e sequenciação de novas variantes do coronavírus, para poder acelerar a produção de vacinas adaptadas às novas estirpes, que poderão ser aprovadas através de um procedimento simplificado para a autorização de emergência da Agência Europeia do Medicamento. Um financiamento adicional de 75 milhões de euros foi aprovado para melhorar a capacidade de testagem e desenvolver novos testes que permitam detectar as variantes do SARS-CoV-2.null
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, fez uma rara aparição na sala de imprensa do Berlaymont para anunciar um conjunto de medidas destinadas a antecipar os riscos colocados pelas novas variantes mais transmissíveis do vírus e melhorar a capacidade de resposta a nível europeu: uma “nova geração” de testes, terapêuticas e vacinas, e uma nova rede para a cooperação e partilha de informação em ensaios clínicos ligados à covid-19. A rede “Vaccelerate” foi lançada esta quarta-feira, com 16 Estados membros da UE e cinco países associados, incluindo a Suíça e Israel.
Estas medidas, explicou Von der Leyen, são precursoras do futuro trabalho da Autoridade Europeia de Resposta a Emergências Sanitárias (HERA, na sigla em inglês), uma nova estrutura permanente que será responsável pela “modelação de riscos, vigilância global, transferência de tecnologias, supervisão e flexibilização das cadeias de abastecimento e capacidade industrial e do desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos” para doenças infecciosas.
O plano de acção especificamente ligadas à resposta imediata à pandemia — uma experiência que a Comissão apresenta como uma “incubadora da HERA” — vai ser apresentado aos chefes de Estado e governo da UE na reunião por videoconferência do Conselho Europeu agendada para a próxima semana. O tempo urge, assinalou a presidente da Comissão: segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, a variante B.1.1.7 reportada pela primeira vez em Inglaterra deverá tornar-se dominante sobre as anteriores estirpes que circularam na União Europeia. “E outras mutações emergiram ou podem emergir no futuro”, assinalou.
A presidente da Comissão Europeia deu ainda conta dos esforços que estão a ser feitos, em colaboração com as empresas farmacêuticas, para aumentar a capacidade de produção de vacinas e também acelerar o abastecimento da União Europeia. Esta quarta-feira, a Comissão Europeia confirmou a assinatura de novos contratos com o consórcio Pfizer/BioNTech para o fornecimento de mais 300 milhões de doses, e com a Moderna, que até ao final do próximo ano também deverá distribuir mais 300 milhões de doses à UE.
Ursula von der Leyen salientou a importância destes novos contratos para as empresas farmacêuticas, não só por causa do pré-financiamento que Bruxelas assegura para o desenvolvimento da capacidade industrial, como também pela garantia que é avançada pelos Estados membros da compra das doses. Segundo revelou, ao investimento de três mil milhões de euros adiantado pela Comissão no âmbito dos primeiros contratos de aquisição antecipada, juntaram-se cerca de 30 mil milhões de euros das encomendas dos Estados membros, para um volume global de 33 mil milhões de euros.
Ao seu lado, o comissário europeu com a pasta do Mercado Interno, Thierry Breton, que agora lidera uma task force para responder às dificuldades na produção, afirmou que depois de contactos com a AstraZeneca, e uma visita à sua unidade na Bélgica, constatou-se um “aumento drástico da capacidade de produção”. “Estamos confiantes que serão capazes de compensar a quebra nas entregas do primeiro trimestre”, disse.
Finalmente, a presidente da Comissão quis chamar a atenção para “o número crescente de tentativas de fraudes ligadas às vacinas” que foram reportadas nos últimos dias, e ao mesmo tempo deixar um aviso: “O risco de tomar vacinas compradas no mercado negro é gravíssimo”, sublinhou. “A nossa agência antifraude OLAF está a investigar, e também a aconselhar os Estados membros, para que estes casos possam rapidamente chegar à justiça”, informou.
Fonte: Público
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